quarta-feira, 6 de maio de 2015

Publicidade e a infância




Ligue a sua TV agora, quantos produtos são oferecidos a cada dois minutos? Quantos deles você consegue avaliar? Você realmente necessita deles? Você consegue controlar o seu desejo de compra?

Publicidade e a infância

Na linha do tempo, a mídia e a educação vêm sendo costurada alicerçando valores na vida de crianças, adolescentes e adultos. A princípio parecem ser questões distintas, mas estão intimamente ligadas. Toda criança inicia seu desenvolvimento a partir do nascimento e com o tempo ela desenvolve a sua coordenação motora e intelectual, com isso soma valores, valores estes oferecidos pelos pais, mas também influenciado pela mídia.
A vivência emocional e a qualidade das experiências e dos laços afetivos são muito importantes para o desenvolvimento humano. As experiências nestes primeiros anos de vida são as que contribuem para que o ser humano estabeleça determinados padrões de conduta e formas de lidar com as próprias emoções. (LIMA e SOUZA, 2001 p. 12).
Sendo assim toda criança aprende através de estímulos que colaboram para a formação do indivíduo.
Desde o princípio da infância até a pré-adolescência, passamos pela fase mais atenta do ser humano, isto é, onde estamos especialmente sensíveis e receptivos para tudo que nos é oferecido, o que nos torna extremamente vulneráveis aos apelos comerciais. A publicidade conversa com as crianças o tempo todo e as torna alvo de manipulação.
De acordo com o instituto Alana (2013), as crianças estão expostas à publicidade, que conversa com elas o tempo todo, fazendo com que elas se tornem alvo fácil de manipulação. Elas deixaram de ter papel secundário nas compras para casa e passaram a dominar 80% das decisões, entre brinquedos, roupas, alimentos e bebidas. Tomam decisões desde a escolha da roupa da mãe até o novo automóvel da família.
Segundo a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano de 2013, brasileiros na faixa etária entre 0 e 17 anos passam, em média 5H em frente à televisão sendo bombardeadas com informações e absorvendo como esponja tudo que é oferecido. Sendo facilmente manipuladas pela mídia que se apropria de determinados personagens que as crianças admiram e utiliza como sinônimo de desejos, que muitas vezes não são reais e sim embutidos nas crianças para induzi-las a comprarem produtos que tenham determinado personagem ou marca, a publicidade estuda cada passo, vê suas reações e sentimentos, como resultado percebe que o maior deles é que todo ser humano deseja ser reconhecido. Então a mídia vem e diz que se você tem tal roupa você é o/a melhor, se você come o biscoito da embalagem do palhaço você é mais forte, etc. As crianças ouvem isto e logo absorvem reproduzindo o valor de consumo adquirido.
O grande problema sendo enfrentado no Brasil é a regulamentação desse bombardeio de informações sobre as crianças. Tanto apelo comercial voltado a elas contribui para o aumento da obesidade, violência, sexualidade precoce, estresse familiar e limitação em ações que estimulem a criatividade. Uma vez que a publicidade se aplica dizendo que, “você é o que consome” ela cria pessoas estagnadas no seu processo de desenvolvimento e, muitas vezes frustradas, pois em sua grande maioria são de classe media e baixa que, normalmente, não possuem renda suficiente para tanto apelo ao consumo. Possuir determinado objeto é mais importante e menos trabalhoso do que cria-lo ou desenvolve-lo, afinal, a posse de determinada marca representa status, independentemente de uma marca inferior dar o mesmo resultado que a outra. Isso faz com que o consumidor se sinta reconhecido e importante.

No dia 4 de abril de 2014 foi publicada no Diário Oficial da União a resolução 163/2014 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), que considera abusivo o direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança, pessoa de até 12 anos de idade, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - (Instituto Alana).
A publicidade infantil é considerada abusiva e, acredito ser possível a regulamentação da mesma sem a necessidade de ser a favor ou contra. É uma questão de equilíbrio, onde se faz necessário o intermédio dos pais na educação e instrução destas crianças. Não é um problema da Publicidade Infantil, apenas. Tanto os pais quanto a mídia precisam reaver os valores e impor limites. A mídia diminuindo o apelo e manipulação e os pais impondo o limite, propriamente dito. Deste modo, o governo implementará leis que afirmem o direito de venda da publicidade quanto à liberdade de escolha da criança.

Alexia Mendonça de Oliveira 

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